segunda-feira, setembro 29, 2008

12.º show - 22.05.2004 Arsenal Pub

Após o show do Guanabara, voltamos a ficar meses só ensaiando eu e o Bruce, mas com freqüência cada vez menor. A partir do feriado de finados de 2003, cada vez mais eu me comprometi com o trabalho, e optei por abandonar a tarefa de empurrar a Burnin´ Boat para frente (afinal, ninguém mais parecia estar se importando).

Ponto positivo do show do Guanabara foi o contato que o Bruce manteve com o baixista da Silent Storm, o Luis Carlos (Lukee), um excelente sujeito com o qual o Bruce se encontrou na fila do show do Deep Purple. A partir daí, esse encontro frutificou em uma participação crescente do Luis Carlos em todos os projetos conhecidos do Bruce, e, eventualmente, até na Burnin´ Boat.

Ficamos sem ensaiar desde outubro de 2003 até maio de 2004, e só voltamos porque havia sido agendado um show no Arsenal em comemoração ao aniversário do Gilberto. O cara reservou o local e organizou a apresentação de duas bandas que ele estava conduzindo na época (Burnin´ Boat e uma outra de covers, a Firewall), além do primeiro projeto que tenho notícia envolvendo a então namorada (e futura esposa) do Bruce, a Cris. Nunca tinha reparado no Arsenal, na Av. Goethe, muito menos poderia imaginar que ali teria uma casa para abrigar shows, pois se trata de uma conhecida região que concentra bares com freqüência noturna.

O pai do Bruce já estava utilizando regularmente o nosso local de ensaios (o nosso “estúdio”), e então começamos a praticar em estúdios de verdade.

O Luciano havia feito uma viagem de vários meses para os Estados Unidos, e assim efetivamos o Gilberto como vocalista. Quando o Luciano voltou, pedimos para o cara fazer uma participação cantando algumas músicas.

Em relação ao set list, incorporamos uma música majestosa do Black Sabbath (“War Pigs”), e uma que toda banda cover do Iron Maiden toca (“The Evil That Men Do”), além de uma que é de uma banda que eu sempre gostei, mas não é do estilo da Burnin´ Boat (“Hunting High and Low” do Stratovarius). De última hora, para esse show, conseguimos o acréscimo do Vinícius, um tecladista excepcional que o Bruce (como sempre) conheceu pela internet, para tocar na música do Stratovarius e em “Perfect Strangers” do Deep Purple.

Foi a seguinte a resenha que escrevi sobre o show para neste blog:

“foi uma noite boa, na qual tudo deu certo. O local é pequeno, mas com boa acústica (não precisamos aumentar muito o volume dos amplis pra tomar conta do bar), e teve bom público. Além de presenças consagradas em shows da Burnin´ Boat – notadamente, Fernando & Vanessa, Ace e Minduim - , o show de sábado ainda foi acompanhado pelo grande Barboza (com qualificadas presenças femininas, que agitaram todo o show da banda do Dioberto – Firewall). A passagem de som, que rolaria às 21:00, na verdade, só ocorreu quase duas horas depois. Tocamos, então, HIGHWAY STAR e WAR PIGS.

Quem se apresentou primeiro foi o projeto capitaneado pelo Bruce, Insight, com versões acústicas de Evanescence, Mr. Big, Christina Aguilera, entre outros. Em seguida, “subiu” ao palco a banda do Dioberto (com Nílton no baixo) – Firewall – com introdução erudita (CARMINA BURANA), apresentando covers clássicos, empolgantes e, sobretudo, infalíveis: YOU GIVE LOVE A BAD NAME, IT´S MY LIFE, COCHISE foram as melhores – teve ainda ROCKIN IN THE FREE WORLD, LIKE A STONE, SMOKE ON THE WATER, ROCK AND ROLL ALL NITE, PLUSH, uma do Pearl Jam que não lembro o nome agora. A banda melhorou consideravelmente em relação ao outro show que eu tinha assistido antes (no aniversário do Dioberto do ano passado, no Guanabara) – estavam todos bem entrosados e ensaiados. Os guitarristas se valeram de invejáveis instrumentos – um com uma Ibanez preta modelo Steve Vai, e outro com uma Ibanez branca modelo Paul Gilbert. O Nílton esteve seguro como sempre, sem deixar de fazer palhaçadas durante todo o set. O Dioberto igualmente esteve bem, até na exigente COCHISE.

A essas alturas eu já estava desolado, pois havia assistido duas bandas tocando repertórios conhecidos, e muito bem ensaiadas. O público do local (pelo menos o pessoal que estava na parte de baixo) não era “metal”, e eu já estava prevendo as pessoas indo embora no meio do nosso show. Ademais, o show só começaria à 1h da manhã, e neste horário, depois de duas (boas) apresentações, realmente, é demasiado acreditar que as pessoas ainda vão ter pique de assistir uma banda tocando um som desconhecido e pesado até o final. Particularmente, prefiro ser uma das bandas intermediárias (mas essa parece ser uma opinião só minha).

Em todo o caso, o show foi um dos melhores da banda. Tocamos o set com erros pequenos, que não atrapalharam o andamento das músicas (eu estava preocupado com WAR PIGS e o começo THE EVIL THAT MEN DO, que não estavam suficientemente bem ensaiadas). Abrimos, então, com WAR PIGS, e fomos bem. Seguimos com BLACK DRESSING SOUL, que teve um belo solo do Cláudio. Essa música ficou bem pesada, e está cada vez mais legal de tocar (realmente acho que foi uma dentro botar a guitar pra acompanhar o baixo nos versos). THE EVIL THAT MEN DO ficou bem empolgante (pra mim, pelo menos). O Cláudio fez o início sozinho, como havíamos combinado pouco antes do show.

Partimos, então, para a afinação dropped-D: NOISE GARDEN ficou muito legal, com peso e andamento perfeitos.

Havíamos combinado, previamente, com o Luciano Gillan que ele cantaria no show duas músicas: ACE´S HIGH e AUNT EVIL (as quais o Dioberto ainda não aprendeu as letras). Só que no momento de tocar HIDDEN, o Dioberto acabou chamando o Gillan ao palco, causando algum tumulto. Tentamos (eu e o Bruce), consertar a situação, pedindo para o Gillan cantar HIDDEN, e depois as outras duas combinadas; só que o Gillan revelou alguma resistência (provavelmente pelo estado etílico), e acabamos tocando ACE´S HIGH mesmo, que ficou muito legal (naquele momento eu toquei o riff de abertura com todo o vigor). Das músicas “novas” (assim entendidas aquelas que não estão no cd “Ignitin´”) essa é a minha favorita.

Ainda incertos quanto a ordem do set, tocamos HIDDEN, pois o Gillan acabou concordando em cantar essa. Mas aí o Dioberto voltou ao palco, e dividiram o vocal. Rolou tudo certo na jam do meio da música: riff White Stripes e o início de THE NUMBER OF THE BEAST (erramos comicamente o final). Essa versão de HIDDEN, na qual o Bruce muda o clima da música - ora aceleradíssimo, no estilo Lars Ulrich dos primeiros discos & St. Anger, ora stoner, somando-se a isso o refrão mais calmo tipo em algumas do System of a Down, onde há mudança brusca de andamento – é realmente bem interessante, e muito pesada.

Novamente só com o Gillan tocamos AUNT EVIL, que eu curti bastante. Acho que isso tudo mostra que o Luciano não perdeu o entrosamento que sempre tivemos (eu, ele e o Bruce), e tudo sempre dará certo quando todos lembrarem de suas partes nas músicas – ensaios são até desnecessários quando todos conhecem bem as músicas. Tanto é que ele cantou essas três sem nenhum ensaio, e se saiu bem.

De volta à afinação normal, tivemos o acréscimo qualificadíssimo do tecladista Vinícius (da banda Worldengine do Bruce), que se mostrou um verdadeiro Jordan Ruddess (tanto musicalmente, quanto na performance). Tocamos, então, BURN. Abdiquei do meu solo em seu favor, causando uma inusitada situação: o tecladista tocou o solo do Blackmore e o guitarrista, o do Jon Lord. Quem nos conhece sabe que isso é perfeitamente explicável. Em seguida tocamos HUNTING HIGH AND LOW, que ficou bem legal – achei muito melhor com o teclado acompanhando aquele riffzinho do começo. Nessas duas músicas eu me senti bastante seguro com o tecladista, o que sempre acontece quando há um músico de exceção tocando ao lado.

Já exausto (e com forte dor de cabeça), deixei o palco para os outros fazerem a jam que entendessem devida. PERFECT STRANGERS ficou muito boa. Tocaram várias ainda: WASTING LOVE, THE TOWER (com o Gillan), entre outras. Mesmo assim, fiquei até o final, pois meu equipamento havia sido requisitado e deveria estar lá disponível para quem quisesse tocar. O Dioberto, que havia orquestrado a jam, saiu logo no começo, o que me causou espécie. Certamente, um dos melhores momentos da jam foi CONFORTABLY NUMB, e gostei da hora em que o Nilton cantou alguns versos. A música teve dois solos de guitar: no primeiro, Cláudio se mostrou hesitante (acho que não era esse o solo que ele costumava tocar na Hard Times, ou outra banda/projeto em que esteve envolvido), mas no segundo solo ele tocou com firmeza e até algum feeling.

Foi uma bela noite, e agradeço a todos os que se fizeram presentes, especialmente ao grande Barboza (e suas alegres amigas – têm que levar elas em todos os shows!), e à Vanessa, que tomou conta da minha máquina para as fotos (só que a máquina não está comigo: ou não me foi devolvida – o que eu espero tenha ocorrido; quero crer que ela está segura nas mãos da Vanessa/Fernando/algum conhecido - , ou ficou esquecida no local, caso não tenha sido encontrada pelo Bruce). Burn the boats! “




Resenhas dos ensaios até este show:

1) 02.10.2003 - Dupla de dois
2) 16.10.2003 - We jam at night
3) 08.05.2004 - And then we were 5
4) 12.05.2004 - Café da manhã no estúdio (e com chuva)
5) 19.05.2004 - O último antes do show

segunda-feira, setembro 22, 2008

11.º show - 13/09/2003 Guanabara Bar

Em 2003 eu já estava formado e logo passei a me preocupar com o exame para entrar na ordem, e após ingressar no mercado de trabalho. Conseqüentemente, a banda passou para um segundo plano de preocupações, e foi o começo da dispersão de todos. Mesmo assim, ainda mantínhamos contato e ensaiávamos com regularidade, na medida do possível. A partir de julho de 2003, passei a manter um blog, no qual mantive anotações dos ensaios e dos shows que viriam.

Nessa época o Metallica recém havia lançado o controvertido cd “St. Anger”. Não ouvi o cd tanto quando deveria, mas foi o suficiente para receber certa influência no nosso jeito de tocar. O Bruce também ouviu e curtiu o cd, e teve idéias para modificar a execução de algumas músicas. O maior exemplo disso foi “Hidden”, que ficou mais brutalizada, especialmente nos versos (o Bruce se puxou na levada à la Ulrich). No refrão, o baterista sugeriu que baixássemos o volume e tocássemos no estilo System of a Down, e assim a influência new metal estava, de certa forma, consolidada. Essa versão passou a ser aperfeiçoada e desde então tocamos “Hidden” desse jeito, bastante diferente da versão gravada no cd.

Sempre gostei de tocar com afinação dropped-D, mas nessa época incrementamos a utilização dessa afinação alternativa, que conduziu a jams muito legais. Vários riffs bons foram compostos nessas ocasiões, mas infelizmente não pudemos nos concentrar neles o suficiente para produzir canções novas. Uma exceção foi um riff meio parecido com um do Van Halen (numa música que apareceu no “Best of” como nova composição com Sammy Hagar), ao qual agreguei uns acordes que lembram “Wherever I May Roam” do Metallica. Durante um tempo essa música foi executada sob uma letra do Gilberto que parecia encaiar perfeitamente (“Come Out and Play”), mas quando ele saiu da banda encaixamos uma letra minha que, na verdade, era para ser candata em outra música (“Heal My Soul”, não sem antes termos tentado a letra de “Jenna´s Revenge”).

A formação ainda contava com os dois vocalistas, mas dificilmente reunimos todos os integrantes para os ensaios. Era sempre o Bruce, eu, e mais um ou outro que se disponibilizasse para aparecer. Tentamos incorporar músicas do Dream Theater no repertório de covers, mas com a falta de ensaios regulares com todos os integrantes (e a falta de treino em casa) não foi possível.

Sobre o show, escrevi o seguinte neste blog, há cinco anos atrás:

“esse show foi completamente diferente de todos os outros. A "organização" foi a pior possível - não teve passagem de som, além de não ter sido divulgado o show. Em outras palavras: ninguém foi. Além de nós, se apresentaram a FIREWALL (covers do Dioberto), a SONICVOLT (stoner rock do Luciano) e a SILENT STORM (metal). E o público presente limitou-se aos integrantes das bandas e alguns agregados (valeu pelas fotos, Raquel).

A FIREWALL tocou primeiro (começou depois da meia-noite). Repertório exclusivo de covers, vários estilos. Os melhore momentos foram a participação do Luciano em SMOKE ON THE WATER (ele esteve brilhante também durante o show da Burnin´ Boat), o solo de guitar de JUMP, e a interpretação do Dioberto nas músicas do Pearl Jam e STP.

Minutos antes de subirmos ao palco, alteramos o set list: NEON KNIGHTS e HEARTBREAKIN foram excluídas em favor do medley Black Sabbath que fora muito bem sucedido no ensaio. De modo geral, posso dizer que a apresentação foi boa - os erros pontuais (e inevitáveis, diante da escassez de ensaios) foram contornados com tranqüilidade. Esse foi o show em que realmente nos permitimos IMPROVISAR no palco.

Havíamos combinado tocar um trecho de SHINE ON YOU CRAZY DIAMOND (Pink Floyd) no início, antes da 1ª música: mas na hora eu puxei outra da mesma banda: BREATHE. O show, propriamente, começou com ACE´S HIGH, seguido de HIDDEN. Nessa tocamos o riff de BLIND (Korn) e fizemos uma pequena jam, a qual serviria de base pro solo do Cláudio. Como ele não se ligou na hora, acabou que eu fiz o solo.

A partir de agora eu não lembro da ordem das músicas exata, pois fomos tocando sem seguir o set list elaborado pelo Dioberto. NOISE GARDEN ficou legal: baixei a sexta corda pra D(ré) depois de iniciada a música (antes do riff principal). E ficou muito afu o timbre pesadão. Falando em timbre, apanhei bastante do Marshall que tinha lá - a toda hora eu aumentava o volume, porque nem eu que tava na frente dele podia ouvir a minha guitar. Usei a própria distorção do ampli.

O cover de PERFECT STRANGER ficou bem legal, uma das melhores execuções que já fizemos dessa música. BLACK DRESSING SOUL também ficou legal e sem erros; não fosse pela apatia reinante pela falta de público, essa teria empolgado bastante. Lá pelas tantas o Dioberto chamou o medley Sabbath que começou bem com IRON MAN, até a parte do solo. Nesse momento, puxei CHILDREN OF THE GRAVE, que acabou ficando só no instrumental, pois nenhum dos vocalistas resolveu cantar. SWEET LEAF ficou legal. WAR PIGS me deixou arrepiado - nunca dei muita bola pra essa música, mas agora eu já estou revendo essa posição.

KILL THE KING (Rainbow) rolou depois desse medley e foi outro bom momento. Nessa música, depois dos solos, o Luciano (que já tava bem alcoolizado) passou o microfone pro Dioberto de forma bem rude - comecei a rir muito, até parei de tocar, e só voltei "a si" (SIC) no refrão. 2 MINUTES TO MIDNIGHT foi a última da noite, e o instrumental ficou perfeito. Os vocais só não renderam porque o pessoal não decorou a letra ainda. Quando acabamos, demos por terminado o show - na hora o Bruce lembrou que AUNT EVIL não tinha rolado; mas aí já era tarde. SPECTREMAN também ficou pra próxima.

A SONICVOLT acabou não se apresentando - os caras foram embora. Ficamos, então, pra ver a SILENT STORM, que tocou covers de Iced Earth (que ficaram bem bons até), Stratovarius (Break the Ice, do 2o disco dos caras - total surpresa), Gamma Ray (insuportável, "Heaven Can Wait"). Foi bem metal, retão, e eu me epolguei bastante.”


O baixista e vocalista da Silent Storm era o Lukee, que a partir do show do Deep Purple/Sepultura/The Hellacopters no Gigantinho, ainda naquele ano, viraria grande faixa do Bruce, e parceiro musical, inicialmente na Worldengine, e depois na própria Burnin´ Boat como baixista.

Resenhas dos ensaios até este show:

1) 10.07.2003 - Fistful of riffs
2) 25.07.2003 - Heaven Cafe Inc
3) 21.08.2003 - Até a pé nós iremos (com o Kiss)
4) 28.08.2003 - ...And Jenna for all
5) 10.09.2003 - Sabbath R Us

segunda-feira, setembro 15, 2008

10.º show - 17/05/2003 Guanabara Bar

Poucas memórias sobre esse primeiro show que fizemos em 2003 no Guanabara Bar (local que foi palco para um homicídio, alguns meses depois, numa festa hip hop). O Valmor Senior se fez presente, assim como o Bernard e o Gabriel, ambos ex-Bed Reputation; o último era o baixista da banda do Dioberto (Firewall), e ele, juntamente com o tecladista da mesma banda, foram os responsáveis por conseguir um bom público (parecia o recreio do Rosário). O show foi organizado pelo Dioberto, em comemoração ao seu aniversário, de modo que ele tocou com sua banda de covers, e depois fomos nós (não lembro se teve outra no meio). O repertório não deve ter diferido muito do que executávamos na época: uns covers de Deep Purple, Black Sabbath, talvez algum Iron Maiden.

quarta-feira, setembro 03, 2008

9.º show - 22.05.2002 – Teatro de Câmara Túlio Piva (com Trem Bala e Carbono)

O contato com o Hernani rendeu mais um fruto, desta feita no Teatro de Câmara Túlio Piva, que fica na R. República, perto do Colégio Pão dos Pobres. Esse foi o único show no qual não contamos com o Cláudio, que não estaria disponível tendo em vista uma viagem para Campinas/SP (acredito que era um congresso relacionado com a faculdade dele). Resolvemos que seria só eu o guitarrista, mas achamos que seria uma boa também ter dois vocalistas se revezando no palco, e depois os dois se juntarem no palco. Em relação ao repertório, as músicas não poderiam ser muito complicadas dada a minha limitação como solista, e convencionamos que as canções deveriam ser mais ou menos conhecidas. De músicas próprias, a serem cantadas pelo Luciano, escolhemos “Boats are Burning”, “Hidden” e “Ace´s High”, sendo que esta última era uma excelente composição do Daniel Ace Lairihoy (houve uma época em que o Bruce e eu fizemos algumas jams com ele, e um dos temas era esse, com um riff cromático, que vinha depois de um hipnótico riff principal. A idéia era excelente, e o Bruce inventou uma quebrada magnífica, que nos deixou desconcertados e nos deu trabalho para aprender a contar e tocar corretamente. Posteriormente o cara nos liberou essa composição, pois não pretendia utilizá-la em nenhum dos seus muitos projetos inacabados. Nós nos incumbimos de finalizar a música e o fizemos em ensaios, incorporando umas partes mais ou menos diferentes).

Valmor: Se o posterior show da Croco é ainda o mais memorável show da BB, guardo este como o show com o melhor som. Tenho uma vontade enorme de voltar a tocar naquele teatro, cuja acústica é fenomenal. Lembro que a sonoridade encorpada da minha bateria afetou substancialmente a minha maneira de tocar naquela noite.

Em relação aos covers, estipulamos “Mistreated”, na versão do álbum Made in Europe (contendo o clássico blues “Rock me Baby”), e o clássico “Smoke on the Water”, ambas do Deep Purple. Para fechar, duas do Kiss na versão do disco Alive III: “Rock and Roll All Nite” e “Lick it Up”.

GILBERTO: Eu lembro que a entrada de "Lick It Up" no set list se deu por iniciativa minha, grande apreciador de medleys. Ensaiávamos pela primeira vez tendo esse show em vista e ao acabar Rock "And Roll All Nite" eu engatei "Lick It Up" instintivamente, a banda abraçou, e o resto é história.

A noite era fria e chegamos por volta das 20h, encontrando todos do lado de fora do teatro. Não recordo da passagem de som, mas lembro um pouco da performance enérgica da banda que tocou antes de nós.

O legal era que se tratava de um teatro, e assim nos arrumamos com as cortinas fechadas. Iniciamos “Boats are Burning” e as cortinas se abriram. Permaneci tranqüilo, na medida do possível, e até aproveitei um pouco. O Gilberto sempre foi o mais performático e era muito legal vê-lo no palco, sobretudo pela interação com o público. Assim, o cara anunciou que a próxima música seria uma bem desconhecida, ao que eu iniciei “Smoke on the Water”. Foi muito legal a reação da galera a esse riff clássico (apesar de que errei feio no solo).

GILBERTO: fato é que eu sempre tentei compensar minha falta de grandes alcances agudos (totalmente dispensáveis) com uma boa performance e improvisação. Mas o crédito todo fica com o clima que emana de um palco e da iluminação que aquela estrutura nos oferecia - anima tocar num lugar próprio pra um grande show como foi aquele.

Valmor: Gosto muito de curtir em vídeo nossa auto-indulgente performance de "Mistreated" deste show, uma das nossas mais ousadas e longas.

Os shows das bandas que nos precederam não foram marcantes, senão pelo fato de que o vocalista da banda que subiu ao palco antes de nós estava visivelmente alterado (leia-se: sob efeitos de psicotrópicos).

Set list: Boats Are Burning, Ace´s High, Hidden, Smoke on the Water, Mistreated, Spectreman, Rock and Roll All Nite & Lick it Up.

GILBERTO: se não me engano, aquele foi meu "ticket de entrada" pra Burnin' Boat como membro efetivo.