Voltando um pouco no tempo - 1998, Parasite, muitos ensaios
No final de 1999 estávamos a procura de um vocalista. Convidei o namorado duma colega de estágio, mas o cara estava se dedicando aos estudos, até chegou a ouvir uma fita, mas não se interessou em fazer um teste. Já tínhamos tido uma experiência de "quase" formação da banda anteriormente, então sabíamos das dificuldades, não tínhamos pressa, mas já estávamos ansiosos para tocar com a formação completa. Um ano antes (1998), o Pedro, quando ainda era nosso “tocador de baixo” (embora raramente aparecesse em algum ensaio), tinha contato com a Parasite, uma banda cover do Kiss que ele “empresariava” de certa maneira. Aparentemente o “Paul Stanley” da Parasite, chamado Felipe, também tinha umas composições, e o Pedro e o Bruce tiveram a idéia de chamar o cara para tocar conosco. Não demorou e fizemos um ensaio num sábado quente de dezembro de 1998 no nosso estúdio, e tocamos, basicamente, músicas do Kiss. Nunca tínhamos tocado tantas músicas legais, e embora nunca tivesse praticado os solos do Ace Frehley em casa, sabia boa parte deles só de ler as tablaturas nas revistas de guitarra e na internet. Apresentamos “Hidden” para o Felipe, e ele mostrou uns trechos de uma composição dele, que nem conseguimos tocar – simpesmente não acertávamos o tempo certo para entrar depois da introdução de guitarra (pedi para que ele gravasse numa fita para tentar tirar em casa, o que ele jamais fez, de modo que até hoje duvido que ele efetivamente tivesse as duas ou três músicas próprias que se dizia).



A formação clássica - 2000
Depois desse primeiro show no inverno de 1999, pouco mais do que muitos ensaios com jams e composições inesquecíveis só com guitarra e bateria frutificaram durante o resto de 1999. Afinal, lá por março de 2000, conseguimos via anúncios na rede dois sérios candidatos a baixista, simultaneamente; o Bruce agendou com um, eu com o outro. O primeiro baixista foi o que eu entrei em contato, e marcamos um ensaio. O cara era muito bom mesmo, e quis levar a fita do ensaio para casa para tirar as músicas imediatamente. Só que o lance do cara era montar uma banda para tocar e ganhar dinheiro, que era o tipo de idéia que não nos seduzia. Sabíamos que o nosso som não era do tipo comercial, e tínhamos consciência de nossas rasteiras habilidades musicais – tínhamos que amadurecer bastante ainda musicalmente. Além disso, a cada cover que tocávamos (tipo Maiden ou Sabbath) ele tentava acompanhar e dizia que havia aprendido há anos atrás, e que desde a adolescência ele não ouvia ou tocava nada da respectiva banda; ficou evidente que ele não era fã do som que adorávamos escutar e tocar. Assim, fizemos questão de deixar claro que não abriríamos mão de fazer a audição com o outro baixista, e assim o fizemos (afinal, levamos tanto tempo para encontrar alguém disposto a tocar conosco).

Já tínhamos, então, um vocalista e um baixista, mas ainda faltava o outro guitarrista. Jamais cogitamos que a banda teria apenas a minha guitarra, sobretudo pelo fato de não ter a desejável habilidade para solar. Não demorou muito e o Nilton chamou um colega dele (acho que do colégio ou Escola Técnica), o Nedimar. Ensaiamos com ele e assim completamos a formação da banda: Bruce, eu, Luciano, Nilton e Nedimar.
Bem vistas as coisas, o Nedimar não era um guitarrista de heavy metal. O negócio dele era Pink Floyd, e ele empunhava uma Stratocaster e solava bem como David Gilmour, mas apesar do nosso som ser pesado foi notável que ele fez o esforço de aprender algumas músicas e tal. Não por acaso, uma das que ele tirou com mais facilidade foi “Cold Wind”, a única "balada" ou "lenta", que tem um dedilhado com guitarra limpa. Essa experiência com o Nedimar foi importante, pessoalmente, pois pela primeira vez questionei o som que estava extraindo da combinação guitarra-pedaleira-amplificador. A minha distorção era demasiado aguda e abelhuda, e parecia atrapalhar o som das músicas. Nesse sentido, o som do equipamento do Nedimar era muito melhor, e foi aí que aprendi a ouvir o som da minha guitarra com uma certa crítica. Até hoje não sei dizer se foi precocemente, mas o Nedimar concluiu em pouco tempo que não seria uma boa para ele continuar tocando com a gente. O cara me contou pessoalmente a sua decisão, numa vez em que nos encontramos no lotação para a faculdade. Fiquei um pouco decepcionado (recém tínhamos conseguido estabelecer e estabilizar uma formação), e deixei claro que era uma pena.

O 2.º show
Ensaiamos, então, semanalmente (preferencialmente nas tardes de sábado), formamos um repertório de composições próprias e covers, e logo aconteceu de ser marcado um show com outras duas bandas. Não lembro ao certo como isso surgiu, mas o show se daria no famoso Teatro de Elis (antigo Porto de Elis), perto do Barranco, num fim de tarde de domingo chuvoso de Gre-nal decisivo do Campeonato Gaúcho daquela temporada. Fiquei satisfeito, pessoalmente, com o fato de que rolou cartaz nas ruas anunciando esse show, pois um dos meus sonhos era esse: ter o cartaz com o nome da minha banda num muro da cidade.
Das bandas que tocaram conosco eu lembro só da Daduke. Encontramo-nos todos na passagem de som, e como a Daduke seria a última banda a tocar (os caras tinham trazido a bateria), eles fizeram a passagem primeiro e foram embora para voltar só na hora do show deles. Nos seríamos a banda do meio. Depois saímos para fazer um lanche (eu fiquei por perto, enquanto que o Luciano, o Bruce e não lembro mais quem foram no McDonald´s).
O público não foi expressivo, conquanto houvesse algumas pessoas que não eram conhecidas de nenhum dos integrantes das bandas; eram caras que tinham recebido o flyer do show nos bares da Av. Oswaldo Aranha (conversamos com alguns deles que estavam aguardando na pequena fila para entrar). De conhecidos estavam Raquel, Carol, uma amiga delas e do Bruce, a Vanessa, o Guilherme Deathroner, acredito que o Felipinho e o Minduim, e a Sabrina.
A Pulse foi a primeira banda da noite, e o som dos caras era mais para grunge, mas não acompanhei nada do show, pois queria me concentrar para quando fosse a hora de subir ao palco.

Nílton e Cláudio eram fanáticos por Iron Maiden, e assim foi natural que incorporássemos alguns covers, embora antes dos caras entrarem na banda isso fosse impensável (o Bruce nunca foi fã, embora tivesse comprado uns discos). Embora o Luciano não gostasse particularmente da música, para mim foi um momento memorável tocar “Powerslave”, uma bela composição do Iron, com vários riffs e andamentos. Lembro-me perfeitamente que o Guilherme Deathroner (notório admirador do Iron e fã do Steve Harris) se postou bem à frente do palco, e ficou de cara para o Cáudio durante o solo.
Eu fiz questão de que tocássemos uma do Kiss, e sugeri “I Stole Your Love”. Mas acho que só eu curtia essa música, pois ninguém realmente tirou a cover, de modo que não fizemos uma boa versão e foi a última vez que a tocamos. A apresentação durou mais de uma hora, e queríamos tocar o maior número possível de músicas, mesmo sem tê-las ensaiado todas adequadamente. Lembro que fiquei meio desconcertado por não aquecer propriamente para o show, conquanto tenha ido no camarim com a Sabrina para descansar antes de subir ao palco (durante a apresentação da Pulse).
Constou do set-list nossas principais composições próprias da época: além de "Boats are Burning", rolou "Over the Moon", "Hidden", a instrumental "Attitude Adjustment" e "Sweet Thing". Quanto aos covers, realizamos o sonho de tocar "Burn" (quando iniciamos a banda e o Bruce tomou contato com o disco "Burn" do Deep Purple, achávamos que jamais conseguiríamos executar essa faixa de 6min, com solos de guitarra e teclado, e de bateria, se considerarmos as linhas de Ian Paice durante os versos). Além disso, desde o início queríamos incorporar uma clássica obscura, e chegamos à idéia de tocar "Say What You Will" do Fastway, que é conhecida por ter sido a música de abertura do seriado "Juba e Lula". Curtíamos um pouco de hard rock dos anos 80, e então rolou "Kiss of Death" do Dokken. Com as presenças de Nilton e Cláudio na banda, tocamos duas do Iron: além de "Powerslave", fomos de "2 Minutes to Midnight".
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